sexta-feira, 21 de maio de 2010

À Procura da Esperança!




Neste momento, muitos jovens de bairros desfavorecidos da capital do país procuram conhecer a obra e o pensamento de Amílcar Cabral. Apesar do desconhecimento, Cabral continua a ser uma referência importante, motivo de admiração e fonte de inspiração para a reelaboração da esperança de uma boa parte de jovens cabo-verdianos.



quarta-feira, 12 de maio de 2010

Para Uma Releitura do Mundo, da Pedagogia e da Comunicação no Novo Milénio

A grande aposta da Universidade de Santiago é a edificação de um sistema de ensino de excelência e qualidade, através da transmissão dos conteúdos temáticos aliada à pesquisa e extensão.

Quem nunca ouviu falar de Amílcar Cabral e Paulo Freire? Freire dedicou a sua Obra “Cartas à Guiné-Bissau” a Amílcar Cabral, a quem ele designou de “Educador/Educando do Seu Povo”. Estes dois pedagogos deixaram contribuições pedagógicas das mais importantes do século XX e uma proposta educacional necessária para o nosso futuro. A conscientização como intermediação político-pedagógica e a cultura como factor de desenvolvimento de um povo, pode atingir todas as classes e o diálogo deve conduzir o “entendimento geral para o desenvolvimento de todos”, da Nação, que estaria “acima” dos interesses particulares, inclusive dos interesses classistas.

O famoso método de alfabetização de Paulo Freire fez nos anos de 1960 furor, inovando a concepção de alfabetização e de educação popular no Brasil. A proposta básica desse método era a educação pela conscientização política através da alfabetização. Ou, como ele prefere dizer, o ensino da palavra a partir da compreensão do mundo, onde a palavra surgiu e existe (paradigma da palavramundo). Foi no exílio no Chile que ele escreveu as suas obras mais conhecidas: Educação como Prática de Liberdade e A Pedagogia do Oprimido.
Freire nutria uma grande admiração por Amílcar Cabral, adorava usar frases do grande líder da libertação da Guiné-Bissau: «"Ai do revolucionário que não sonha!" (…) O problema apenas é saber se sonha um sonho possível. Além disso, ele precisa saber se é capaz de lutar para realizar o sonho. Fora disso: ai do revolucionário que não sonha!" Essa sensibilidade à flor da pele, essa capacidade de sonhar, de fantasiar, de conhecer quase adivinhando os anseios das massas populares são virtudes que o revolucionário tem de criar. É preciso viver essas coerências. É o político que é educador, o educador que é político.»
A práxis político-pedagógica freireana serviu muito mais à mobilização, organização, difícil conquista da representatividade e da cidadania das camadas populares. Um dos alicerces indeléveis da prática e da teoria de Paulo Freire é a questão da democracia: liberal, social, socialista... mas, sempre, democracia.
Paulo Freire inspirou-se nas palavras de Amilcar Cabral para desembarcar em Bissau na década de 70, na altura da independência da Guiné: «Aprender sempre, na vida, junto ao povo, nos livros e na experiência dos outros (…) Posso ter minha opinião sobre muitos temas, sobre a maneira de organizar a luta; de organizar um partido; uma opinião que se formou em mim, por exemplo, na Europa, na Ásia, ou ainda em outros países da África, a partir de livros, de documentos, de encontros que me influenciaram. Não posso porém pretender organizar um partido, organizar a luta, a partir de minhas ideias. Devo fazê-lo a partir da realidade concreta do país».
A realidade concreta de Cabo Verde, neste momento, depara-se com a dificuldade de trilhar um percurso suave verso um desenvolvimento que se quer sustentável, com justiça, democracia, solidariedade, liberdade e inclusão social. É um momento único para Cabo Verde e este não deve atrapalhar-se nessa caminhada. O país precisa guiar-se por paradigmas que consigam transformá-lo numa terra de paz, inclusão, prosperidade e conhecimento.